Crônicas do dia-a-dia louco e insano que passamos correndo sempre, sem sequer olhar profundamente para si mesmo.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Qual é o oposto de amar?

Qual é o oposto de amar?
Ódio? Ira? Raiva?
Sempre achei que era algo do tipo.
Mas depois que Pedro me deixou, a primeira coisa que percebi, é que quando somos largados num mar de tristeza assim, sem mais nem menos, é a solidão que nos faz companhia.
A Casa. Não aguento ver a casa vazia, fria, triste. O cheiro dele nas minhas roupas, no guarda-roupas vazio, ver as fotos das festas com os amigos, ver as fotos das nossas viagens, ouvir as músicas que embalaram todos os meus sonhos de felicidade com ele.
Tenho um buraco negro dentro de mim. Um buraco negro, que está sugando tudo de bom e alegre que existe ou existiu em minha vida. Pedro não só me deixou, como tirou de mim a felicidade da sua companhia, da sua segurança, da sua confiança e do seu amor.
Faz 3 meses que estou nesse estágio. Não tenho vontade de nada. Sei que tenho que me erguer, que tenho que lutar novamente, mas dentro de mim, a dor é tanta e ao mesmo nenhuma.
Sempre precisei ver o ferimento pra sentir a dor, ver o sangue pra sentir a dor.
Mas quando a dor que sinto, está por dentro, me matando, me flagelando, não sei como sentir essa dor, não sei como fazê-la parar.
Meus amigos me esqueceram, porque foi o que pedi que fizessem, que me esquecem. Me deixassem em paz, se é que ficar nessa casa fria e gelada remoendo o passado se pode chamar de paz.
Lógico que pensei inúmeras vezes em me matar, mas sempre pensei que desistir da vida é o caminho dos mais fracos e covardes e mesmo nesse estágio vegetativo em que me encontro, ainda quero lutar pela vida.
Tento sair de casa, mas tudo piora, ver as ruas que passamos juntos inúmeras vezes, fazendo promessas para as nossas vidas, a praia, os carros, os bares, os bancos, o céu que sempre esteve por cima de nossas cabeças para nos dizer que ele era o limite, o limite de nosso amor.
Solidão. Esse é o oposto de amar.
Porque depois de tantos anos juntos, de repente se ver sozinho em uma casa que era apenas alegria e amor e que agora fede a tristeza e pranto, isso sim é solidão. De repente passar pelos lugares que sempre estive em sua companhia e que eram os lugares mais lindos que já vi, agora são como olhar um quadro rasgado e sujo, uma coisa sem objetivo, isso sim é solidão. De repente olhar para o céu que era a testemunha de nosso amor e que sempre pensávamos em como poderia existir algo tão belo, agora é apenas uma colcha suja e cinza em cima de todos nós, isso sim é solidão.

Solidão, esse sim é o oposto de amar.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Rodrigo e Leandro

- Eu te amo.
Essas foram as palavras que ele usou.
Enquanto caminhava de volta para o hotel, Rodrigo ainda não acreditava no que tinha ouvido. Voltando da casa de seu amor de infância, Leandro. Rodrigo, que sempre foi um rapaz sonhador, queria ser jornalista, queria estar no mundo. Leandro, era um rapaz tímido, que queria conhecer o mundo, por isso a profissão que ele e Rodrigo escolheram era perfeita.
Se conheceram aos 7 anos de idade na rua da casa deles, eram vizinhos e desde então nunca mais se separaram. Estudavam na mesma classe, iam aos mesmo lugares, gostavam das mesmas coisas, eram amigos inseparáveis. Quando terminaram os Ensino Médio, decidiram que iriam ser jornalistas de renome para alcançarem seus objetivos. Mas por obra do destino, eles se separaram.
Rodrigo foi estudar em São Paulo, mas ainda assim nutria esse sentimento mágico por Leandro sem que ele soubesse. Leandro foi pro Rio de Janeiro, amando sem saber o amigo querido.
No último ano de faculdade, resolveram que deveriam se ver novamente, nada mais de emails, MSN, iriam se ver em carne e osso. Rodrigo foi então para o Rio de Janeiro nas férias para rever Leandro. Durante os vários dias que se passaram, cada um foi se descobrindo novamente.
Rodrigo agora usava óculos, gostava de comida japonesa, ouvia indie rock e gostava de seriados americanos. Era mais alto do que antigamente, usava barba e tinha o cabelo todo cacheado.
Leandro era mais forte, era vegetariano, ouvia samba rock, lia clássicos da literatura brasileira como se fossem revistas. Estava mais moreno, adorava praia e tinha o cabelo liso e queimado de sol.
Leandro mostrou os pontos turísticos da Cidade Maravilhosa para Rodrigo e conversavam sobre várias coisas. Os dois estavam concluindo o curso, tinham que entregar seus trabalhos finais, então viviam conversando sobre seus trabalhos, pesquisas e etc.
Nunca falavam sobre mulheres. Nunca iam a baladas ou locais cheios de gente. Sempre era apenas os dois em todos os programas, nenhum amigo da faculdade, nenhum vizinho, somente os dois. E isso ainda não tinha saltado aos olhos deles.
Rodrigo tinha reservado uma semana em um hotel, próximo aonde Leandro morava, Leandro insistia para que o amigo ficasse em sua casa, afinal queria ficar com Rodrigo se deixasse todos os segundos do dia. Rodrigo por sua vez, tinha medo de que seu amigo notasse seu amor por ele, sendo assim continuava a recusar os pedidos de Leandro.
Faltando apenas um dia para Rodrigo voltar pra São Paulo, eles resolveram passar o dia juntos, sem se preocupar com nada.
Estavam jantando na casa de Leandro, quando de repente, seus olhares se encontraram.
E o que alma e o coração dos dois mais desejavam aconteceu. Um beijo.
Um beijo tomado por anos de espera, por anos de sofrimento e de amor.
Descobriram ainda mais segredos um do outro. Leandro e Rodrigo nunca haviam beijado outra pessoa, porque só desejavam um ao outro. Mas o medo de contar e perder a amizade era tanto que nunca mencionaram para o outro seus verdadeiros sentimentos.
Na noite do primeiro e tão esperado beijo de amor, tiveram sua primeira e tão esperada noite de amor.
E de amanhã, quando Rodrigo tinha que voltar ao hotel para pegar suas coisas e ir de volta para São Paulo, ele ouviu o que sempre desejou ouvir de Leandro:

- Eu te amo.