Crônicas do dia-a-dia louco e insano que passamos correndo sempre, sem sequer olhar profundamente para si mesmo.

domingo, 13 de março de 2011

Dos olhos das crianças

É engraçado ver o mundo nos olhos das crianças.
Sentado em uma pracinha vejo elas correndo e rindo sem se preocupar.
Com mundo enorme e perigoso a sua volta, mas elas só querem brincar até cansar.
Como seria fácil as coisas assim. Ainda fico imaginando como seria nossa vida juntos.
Acordar com você. Dormir com você. Viver com você.
Mas nossas vidas não combinavam tanto assim.
O sexo era ótimo, as conversas engraçadas, a vida corria solta do seu lado.
Mas quando tudo ficou um saco e caímos nessa teia de tédio, tratamos de colocar um ponto final em tudo isso.
Mas ainda assim queria ter um dia com você como essas crianças, um dia apenas brincando sem se preocupar com o que vem depois.
Depois que crescemos ficamos chatos, impacientes, sonhadores demais, arrogantes, prepotentes, críticos...
Achamos que não temos tempo pra conhecer alguém legal, dar uma chance para o amor, dar uma chance para a brincadeira...
Por isso que as vezes é melhor ser criança, sem ter com o que se preocupar.
Continuo vendo as crianças correndo e brincando e pensando...
"Queria brincar com você agora."

sábado, 12 de março de 2011

Penso

A chuva cai sem parar lá fora.
Dentro do quarto escuro, ouço apenas as gotas que batem no telhado e na janela e a minha respiração.
Acendo um cigarro e penso.
Pensar, algo que fazemos o tempo todo mais mesmo assim, as vezes, quer dizer, quase sempre é uma tarefa difícil.
Estou preso nesse labirinto de pensamentos, que a cada dia enchem ainda mais a minha cabeça, que já está bem cheia por sinal.
Trago. Solto a fumaça. Trago novamente e solta a fumaça pelo nariz.
O telefone toca, olha na tela, ninguém que importa, que espere quando estiver afim de atender, isso é, se estiver afim de atender.
Penso no que fazer essa noite, penso no que fazer amanhã na ida ao trabalho, penso no que fazer amanhã na volta do trabalho.
Ainda continuo pensando, mesmo quando não quero pensar.
Decido abrir a janela, o ar fresco e molhado da chuva invadem minhas narinas e refresca o ambiente de meu quarto escuro e mofado. O pouco de claridade que ainda tem nesse horário mostra como o ambiente ao meu redor representa perfeitamente o estado de minha mente, uma bagunça só.
Mexo no rádio, coloco um velho CD de MPB.
Ouço a melodia, me lembro da letra, canto um pouco, mas me vem a tristeza.
Uma lágrima cai. Duas, três e logo, várias caem sem parar como a chuva.
Penso, sou uma pessoa, um ser que produz essa chuva de lágrimas, assim como a chuva lá fora, sem um motivo aparente.
Chorar, algo que fazia tempos que não acontecia, me vem com tanta facilidade que nem sei.
Acho que medo. Medo? Medo do que? Me pergunto.
Medo de ser eu, eu acho. Medo da vida, eu acho. Medo da dúvida, eu acho.
Só sei que tenho medo, que choro e que chove.
Só isso.