Crônicas do dia-a-dia louco e insano que passamos correndo sempre, sem sequer olhar profundamente para si mesmo.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Ah... O Amor...

Me vejo sozinho em minha casa.
Ainda sinto o seu cheiro, nos móveis, nas minhas roupas, nos cômodos por onde nos amamos.
Ainda sinto teu gosto na minha boca.
Ainda ouço sua risada ecoando pela sala, pelo quarto.
Ainda ouço sua voz doce, ao pé do ouvido, dizendo coisas que nunca esquecerei.
Sei que não devo sentir isso por ti. Mas é impossível, praticamente inevitável.
Inevitável querer tua pele nua sobre o meu corpo, sentir seu corpo quente após o banho, sentir o peso do seu corpo quando dorme sobre mim.
Inevitável querer olhar nos teus olhos castanhos, doces e cheios de mistérios.
Inevitável querer fazer-te gozar sobre mim, ver o prazer espantado em todo seu rosto.
Mas com lágrimas nos olhos, eu sei o porque você nunca virá...
Porque não passas de uma PUTA!
Uma reles putinha, medíocre e infeliz! Jogada na ruas e no mundo, perdendo o pouco que lhe sobra de dignidade e amor próprio.
Mas além disso, estás a perder o homem da sua vida, o grande amor que desde pequena sempre desejou.
Estás prestes a perder o grande amor de sua vida, sua PUTA!

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

De manhã...

Acendo um cigarro. Sento na beirada da cama. Ainda sinto o gosto amargo de conhaque barato na boca. Minha cabeça dói, reflexo da minha ressaca quase cotidiana. Vejo meu reflexo nesse espelho estúpido que parece ampliar ainda mais os meus defeitos.
Sinto um tremor na cama e um ruído característico de quem sonha, olho para o lado e vejo o corpo da minha diversão noturna, coitado, cujo o nome eu não sei. Está dormindo um sono gostoso e tranqüilo como um anjo, mas sonha na cama mais impura do sistema solar.
Não consigo me recordar aonde o conheci, mas sei muito bem o que fizemos, pois o odor de sexo e suor continua a transpirar das paredes, ou seria o mesmo odor de sempre? Foda-se!
Seu corpo magro, seu cabelo claro, sua barba por fazer, ele até chega a ser bonito, vamos colocar assim, mas é apenas isso, apenas uma noite.
Me levanto e vou nu até a cozinha, pego uma cerveja na geladeira (às 10 da manhã???), vejo que a casa continua como sempre, uma zona. Caixas de pizza, comida congelada, latas de cerveja e milhares de bitucas de cigarro espalhados pelo chão do apartamento.
Sinto nojo da casa, sinto nojo da cama, sinto nojo de mim. A depressão e a desilusão para com a raça humana, me tornou esse resto de ser humano, sem vontade, sem princípios...
Enquanto "admiro" a podridão do meu lar, ouço um "bom dia" em alto e bom tom vindo do meu quarto.
É... chegou a hora de fazer algo que eu detesto pela manhã, a hora de espantar (ou expulsar na maioria dos casos) o jovem anjo, com sua beleza ímpar desse antro imundo que eu nomeei como lar.
Quando volto para o quarto, fumando e bebendo, ele me olha com desejo, com aquele sorriso característico de quem sabe o que quer e com o seu sexo em total excitação:
- Vamos? - me pergunta, fazendo um movimento com o próprio.
Dou um sorriso e penso:
"É! Acho que eu posso me divertir mais um pouco ainda".