Crônicas do dia-a-dia louco e insano que passamos correndo sempre, sem sequer olhar profundamente para si mesmo.

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Cotidiano


Sempre do tipo romântico antigo, do tipo que trás presente sem avisar, leva pra jantar, do tipo que abre a porta do carro, puxa a cadeira.
Sempre bem humorado, fazia piada até da própria desgraça.
Sempre esforçado e dedicado no trabalho, nos estudos.
Sempre atento as novidades do mundo.
Sempre pronto para ajudar um amigo, alguém que precisasse às vezes, apenas
 ser ouvido.


Mas com o tempo, veio a rotina.
E quando se cai na rotina, você quer o quê?
Surtar. Isso mesmo, bagunçar o que está bagunçado.
Destruir o que ainda não foi destruído.
Simplesmente, surtar.



Todos os dias a mesma rotina, o mesmo cigarro, o ônibus.
A noite, sempre tinha algo diferente para fazer.
Fosse ficar com os amigos batendo papo.
Ou ir há algum lugar pecaminoso, cometer alguns pecados.
Mas mesmo assim, ainda faltava algo.


O tipo de pessoa do início, estava sendo lentamente apagada.
Sofrimento, solidão, desilusão, angustia, frieza, pés na bunda e socos na cara,
faziam que dia após dia, o comportamento antes corriqueiro, fosse sendo deixado de lado.
E "lado negro da força" estava a cada dia mais presente.



Seus pensamentos não são os mesmos.
Seus desejos não são os mesmos.
Sua vida não é mais a mesma.



Sente falta dos beijos de sei bem.
Dos abraços de há quem.

Dos orgasmos de alguém.


Se sente a cada dia mais só.
Mesmo com todas as mudanças que ocorrem a cada dia na sua vida e ao seu redor.
Continua se sentindo só.



Tem saudade de antes.
De antes das coisas ficarem tristes.
Das pessoas ficarem frias.
De apenas pensarem com seu próprio ventre.



Sente saudade do toque na pele.
De poder dizer 'te amo' mesmo que nem amasse tanto assim.
De ter um ombro pra chorar.
De poder ouvir uma música sem lembrar.
De viver sem essa dor de matar.



Taurinos não foram feitos pra não amar.
Pra não ter pra quem voltar.
Pra não ter com quem sonhar.



Taurinos, lindos amigos, ótimos amantes.
Mas, e o amor da vida?
Cadê?

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